quinta-feira, 16 de setembro de 2010

A conduta da família como o reflexo da sociedade futura

Que relação tem a família com o desajuste da nossa sociedade, baseado no aumento da criminalidade, tráfico de drogas e jogo de influências? Estou escrevendo esse post estimulado por uma opinião antiga que tenho sobre o valor da família na sociedade e também pelo artigo Educar da Carol Sakurá no blog do Léo Argônio, meus grandes amigos internautas.

O fato é que nossa sociedade vai de mal a pior, e meu otimismo segue sucumbindo, já naquele estágio de "vou cuidar da minha vida porque já cansei de me preocupar com a dos outros". Mas acho que posso ser menos egoísta do que isso. Acho que podemos brigar mais para tentar construir uma "sociedade sustentável", aquela que não se auto-destrua com o passar do tempo.

Explico melhor:

Como resolver o problema da criminalidade? Antecipando-se ao problema e impedindo o surgimento de novos criminosos...

Como resolver o problema das drogas? Antecipando-se ao problema e impedindo o surgimento de novos usuários...

Como resolver o problema da injustiça? Antecipando-se ao problema e introduzindo-se a educação e os valores sociais desde a infância...

Simples assim. Do mesmo jeito que se previne a gravidez indesejada utilizando a camisinha. Do mesmo jeito que se previne a paralisia infantil através da vacina. Do mesmo jeito que se previne a obesidade através do regime. Mas como fazer isso, se já distribuímos panfletos explicativos, fazemos propagandas sensacionalistas na TV, colocamos fotos chocantes no maço de cigarro, proibimos consumo de álcool a menores e damos palestras sobre drogas nas escolas, e nada disso funciona?

O plano é o seguinte: abriremos concurso público para assistentes sociais, pedagogos e teólogos e daremos treinamento sobre como educar uma criança e prepará-la para a vida adulta.

Está mais do que claro que as famílias já não têm mais a mesma estrutura de antigamente. Mães criando filhos sozinhas; filhos crescendo sem a presença materna na maior parte da sua infância; mães que passam 3 horas no trânsito e trabalham de dia para trazer algum trocado a noite para a manutenção da casa... o mundo não é mais o mesmo, e a sociedade já não é mais formada por uma mãe dona de casa e um pai provedor de recursos.

É preciso compreender que existe uma nova necessidade social: a necessidade de se preparar um pai e uma mãe para que cumpram suas rotinas e ainda consigam dar foco à educação do futuro cidadão em formação.

Quantos pais e mães não sabem como lidar com os problemas do filho em cada fase de seu crescimento? Milhares... Filhos problemáticos em sua maioria são frutos de pais desorientados, mal preparados e imaturos para a condução da educação, daquela educação que a escola não ensina (e nem é o papel dela).

O que espero de nossos governantes é que interpretem melhor os problemas do presente e tratem não apenas das punições de infratores, mas da educação dos pais, que são os primeiros e principais educadores e formadores de cidadãos. O futuro de uma sociedade sadia está 100% nas mãos dos pais de hoje.

Daí vem a proposta, o meu "Plano de governo". Através da contratação maciça de uma equipe de profissionais qualificados (assistentes sociais, pedagogos e teólogos), iniciaríamos um projeto de educação familiar desenvolvido nas associações de bairro de cada cidade, gratuito para toda a sociedade. O programa ofereceria cursos em forma de palestras com programação específica para cada etapa do desenvolvimento de uma criança, considerando-se a idade de 0 a 18 anos, onde adquire-se a maioridade. O curso não teria fim, seria repetido à exaustão, pois cada etapa do programa deverá ser aproveitada por todas as mães, cujos filhos crescem e a mãe necessita de novas informações, enquanto novas crianças vão nascendo e crescendo.

Esse programa proporcionará ganhos sociais incalculáveis no prazo de 10 anos, algo que será visível no âmbito mundial: um Brasil melhor e mais seguro para se viver, formado por pessoas maduras, conhecedoras e praticantes de valores sociais. O programa também disponibilizaria os educadores para consultas pessoais, com hora marcada, para mães e pais que necessitem de orientações diversas, pois cada criança é de um jeito, e algumas delas precisam de programas específicos de educação e reeducação.

Chega de Criança Esperança! O problema não está nos filhos... Precisamos de pais educadores, pais preparados e conscientes para criar seus filhos.

Parece loucura isso? Pode parecer, mas basta querer. Se demorar a acontecer vamos continuar a nos lamentar das mazelas de nossa sociedade, dando mais audiência ao Datena do que à Super Nanny. E assim caminha a mediocridade...

O próximo passo é levar essa idéia a quem tenha alguma influência no congresso nacional... ou fundar uma ONG, o que demandaria 100 anos para solucionar o mesmo problema. Enfim, para tudo há um começo... a sorte está lançada.

Saudações a todos!!

8 comentários:

  1. Você escreve maravilhosamente bem sobre questões sociais, especialmente sobre família. Tudo aí é pertinente. Trabalho em escola, convivo diariamente com casos de desajuste familiar e muitas vezes a família, até por desespero, espera que a escola cumpra o papel que é dela... E que já não consegue mais cumprir, por tudo que falaste aí.

    Beijos, Adriano.

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  2. Pois é Milene, a nossa sociedade precisa de um up-grade para se reinventar, senão a tendência é piorar. Podemos fazer um trabalho de formiguinha através de ONGs, ou implantar mudanças de grande porte através do poder público. Vamos ver se chegamos em algum lugar...

    Obrigado!

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  3. E tao simples, mas o problema esta tao grande que parece que toda e qualquer acao e ineficaz...comecemos pelos nossos, ja estaremos dando o primeiro passo. (Desculpe pela ausencia de acento, to no lap do marido). Beijocas e boa sexta.

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  4. Adriano, eu concordo que o problema está muito mais na família do que nos jovens, porque hoje os pais são os jovens e sem a menor maturidade para educar. Gritam, berram ao invés de ensinar, tudo isso para resolver algo que não sabem resolver. É bem por aí.
    Voltei com o Apenas um ponto. Em compensação o esportivo anda bem devagar... hehehe

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  5. É Adriano...concordo em muito com o que disse. Há um declínio muito grande, mas se observar bem, sempre houve. Com a maturidade vamos percebendo outras intensidades e comparando com a nossa incapacidade de por si só,resolver. Mas em conjunto quem sabe? Bjosss

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  6. N'ao sei o p q mas Meus comentarios nunca entram aqui...aposto q esse q nao irei comentar ficara....rsrs

    Abra;os
    juliah_libano1@hotmail.com

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  7. Adorei!

    Questionador e imponente como sempre, querido!

    Adoro seus textos e passo sempre por aqui! Temos que pensar sempre nesses temas que, aos nossos olhos e na correria, soam como tão comuns!

    Mas... na verdade, são uma verdadeira ameaça à formação de nossos pensamentos e opiniões!

    Um beijo grande e parabéns!!!

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  8. Olha Adriano concordo com você, sim! À família cabe a educação e à escola o ensino! No processo da minha filha, a punição caiu apenas sobre a escola pois o Bullying ocorreu dentro da instituição, durante o recreio ( quando a Freira alegava que o as crianças brincavam de Power Rangers e ‘ele’ era o monstro ) e, pasme, dentro da sala de aula com a professora presente dizendo para a minha filha que não queria saber de fofoca! (Vale lembrar que não foram 2 ou 3 vezes que ocorreram as agressões.. E eu sinalizei o problema desde o início!) Cabe punição aos responsáveis do menor ? CLARO QUE CABE! Mas não cabe à mim cobrar por isso.
    A escola detém o dever de manutenção da integridade física e psíquica de seus alunos e, ao efetivar a matrícula da minha filha numa escola, eu estabeleço 1 relação de consumo e a responsabilidade da Ré, nesse caso, como prestadora de serviços educacionais foi, completamente, falha!!!
    “NESTE PROCESSO DE SOCIALIZAÇÃO OU DE INSERÇÃO DO INDIVÍDUO NA SOCIEDADE, A EDUCAÇÃO TEM PAPEL ESTRATÉGICO, PRINCIPALMENTE NA CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA.”
    Aí, você me fala que “O assunto é muito complexo porque em casos de agressão verbal (o mais frequente de todos) a legislação pode cair no mesmo critério de assédio sexual.” A minha filha, também, sofreu agressões verbais.. todas exaustivamente relatadas à direção da escola e como resposta eu recebia 1 visto com a assinatura da professora, coordenadora e vice-diretora.
    Estatui o art. 186, do Código Civil, que “aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”.
    Cometeu ato ilícito, tem que pagar!! No caso da minha filha, a escola foi condenada a pagar 1 indenização, mas eu duvido que muitos pais continuarão omissos se essa Lei, que quer prisão para os acusados de Bullying, se concretizar.

    Acredito sim, que é muito complexo e, também, muito pessoal a discussão sobre esse tema. Veja, eu sempre olhei para as crianças que praticavam o Bullying como prováveis adolescentes infratores do tipo que queimam um índio no ponto de ônibus em Brasília, espancam 1 empregada doméstica na Barra ou colocam fogo em mendigos etc Mas o cara que praticou aquele massacre na escola de Realengo, não era o agressor e, sim a vítima do bullying!! Ah mas ele era psicopata!! Longe de mim querer defender ou, até mesmo, justificar as ações praticadas pelo Wellington, mas se tivessem olhado com seriedade o bullying sofrido por ele, essa doença teria sido diagnosticada e o mesmo teria acompanhamento psicológico, não?!!
    O que eu sei, Adriano, é que as marcas causadas nas vítimas do Bullying são profundas e eternas. Graças à Deus, eu estava atenta e a minha filha teve acompanhamento desde o início com neuro, com psicólogo etc. Pq o que eu mais ouvi naquela época é que se tratavam de brincadeiras de criança e que eu, por ser 1 mãe super protetora de filha única, arrumava confusão à toa. A título de esclarecimento, vou colar 1 parte do meu processo; “No caso ora analisado, as implicâncias, agressões, xingamentos, passaram da normalidade pela simples leitura da agenda da menor e dos depoimentos prestados em audiência, não podendo considerar-se as manifestações da segunda autora como preocupação exagerada de mãe de filha única, como tentou demonstrar a ré, uma vez que os acontecimentos cotidianos exorbitaram de simples implicância entre crianças para problemas sérios com consequências igualmente sérias, conforme consta de laudos médicos e psicológicos constantes dos autos. A ré não pode alegar desconhecimento dos
    fatos, pois em nenhum momento na agenda da menor, contestou as afirmações da segunda autora, sempre tomando ciência (..)” ADEMIR PAULO PIMENTEL - Desembargador / Relator

    É meu amigo, é uma ‘discussão’ para muitos posts, ainda.
    Vamos nos falando,
    Abraços.
    Ellen Bianconi

    PS: Não sabia bem onde deveria te responder rs
    Na dúvida, postei aqui e, também, no meu Blog, tá?!!

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